A marca Uber anunciou em janeiro deste ano que vai extinguir o serviço de delivery de restaurantes o Uber Eats a partir do dia 6 de março. Segundo o Jornal Folha de São Paulo, um dos motivos plausíveis para essa decisão, seria o monopólio do aplicativo concorrente Ifood no mercado brasileiro de delivery. Desde o início da pandemia, a empresa Uber enfrenta uma vasta crise financeira, com redução de serviços e dispensa de inúmeros funcionários fixos. Por isso, desde 2020, o Uber Eats deixou de operar em países como Egito, Índia, Uruguai, Arábia Saudita, Argentina, Colômbia, entre outros.
Em nota oficial, a marca Uber disse que a saída da Uber Eats no Brasil foi uma mudança estratégica com a intenção de focar os serviços da empresa no país apenas em entregas de compras de supermercado pelo serviço Cornershop e entrega de pacotes pelo Uber Flash e Direct.
Os donos de restaurantes, por sua vez, temem a saída da Uber Eats no Brasil, pois consequentemente a competitividade entre aplicativos de entregas vai ficar menor. As entregas vão se dividir em sua maioria entre os dois aplicativos dominantes no mercado brasileiro: Ifood e Rappi. De acordo com pesquisa da Measurable Al, companhia de relatórios do mercado, o Ifood detinha do domínio e popularidade de 83% do setor, segundo dados de junho de 2021. Enquanto o Uber Eats possuía 13% do segmento e o Rappi com apenas 4%.
A popularidade do Ifood no mercado brasileiro já vinha incomodando os concorrentes há algum tempo. A Rappi protocolou em 2020 uma ação contra o Ifood no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A ação considera que o Ifood desfruta da vantagem de ser o primeiro aplicativo de entregas no Brasil. Segundo um trecho da ação, por ter sido o primeiro, o Ifood criou o próprio mercado de entregas online e apesar de não ter nenhuma ilegalidade nisso, tal situação é uma barreira para a entrada de novos concorrentes no segmento. Ainda segundo a ação protocolada, o Ifood utiliza práticas que prejudicam a concorrência, como programas de exclusividade com restaurantes.
Dias após o anúncio oficial da saída da Uber Eats no mercado brasileiro, donos de restaurantes já comentavam sobre possíveis aumentos das taxas praticadas por esses aplicativos. Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) com a saída do Uber Eats do setor de delivery de restaurantes no Brasil, as entregas de comidas devem ficar mais caras tanto para os clientes quanto para os donos de estabelecimentos. Há uma preocupação de outros aplicativos não conseguirem atender a demanda de clientes e restaurantes que a Uber Eats vai deixar “orfã”. Por isso, donos de restaurantes vêm pensando em novas estratégias no universo online para driblar esse possível aumento nos serviços e não ficar tão refém de aplicativos de entregas.
Muitos empreendedores do segmento de restaurantes optaram por divulgar e privilegiar pedidos feitos pelo WhatsApp e telefone do próprio estabelecimento, pois assim podem diminuir o valor cobrado pela refeição e no final acabam com o lucro maior sem as taxas impostas pelos aplicativos. Conciliar aplicativos com entregas direto do restaurante é uma excelente tática até para o aumento do movimento e dos pedidos de comidas do estabelecimento.